terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Um quartinho para dois...

O dia começou claro e frio, as árvores estavam com as folhas caindo cada dia mais. Parece que São Paulo decidira-se a ter uma estação do ano normal como há muito tempo não tinha. Mas o dia era mais agitado para Diego e Ana.

-Qual vai ser a parede vermelha, Ana Carolina? – perguntava Diego enquanto os dois entravam no pequeno apartamento que alugaram nas proximidades da Paulista.

-Acho que aquela ali ficaria bem, Di. – disse Ana apontando para uma parede a esquerda. – Dá pra colocar a estante com os livros ali, eu acho. Com as minhas espadas bem em cima. Que você acha?

-Por mim pode ser. Contanto que o busto da Christina fique bem a vista na prateleira. – disse ele sorrindo.

-Chegamos! – disse uma voz animada vinda da porta de entrada.

-Oi, Lí! – cumprimentaram os dois juntos, enquanto Lígia, Aninha e Ingrid entravam no apartamento analisando cuidadosamente.

-Trouxeram a tinta vermelha? – perguntou Diego.

-Aqui, Di! – respondeu Aninha erguendo uma lata de tinta para ele, enquanto Ingrid erguia alguns pincéis.

-Brigado... Como se pinta uma fodendo parede, gente? Nunca fiz isso. – declarou Diego.

-Ai, Diego... eu pensei que essas coisas estivessem na natureza dos homens. – declarou Ingrid indignada.

-Pintar paredes? – perguntou ele indignado – eu sei pintar outras coisas, com outros materiais. Se é que vocês me entendem.

-Sei... – declarou Lígia desconfiada. – Mas, enfim... é só você ir pintando com movimentos leves de cima pra baixo. Passando umas duas camadas de tinta, eu acho que vai ficar bem legal.

-Beleza. Eu e a Aninha pintamos, então. – disse Diego.

-Eba! – animou-se Aninha.

-Ana, Lígia e Ingrid... vocês montam a prateleira!

-Por que a gente fica com o trabalho mais difícil? – perguntou Ana.

-Porque ver a Lígia martelando o próprio dedo será impagável. – declarou Diego.

-Ei!

-Isso é um fato. – disse Ingrid rindo.

-Pobre Lígia. – lamentou-se Ana com um sorriso malicioso no rosto. Foi dito e feito, uns vinte minutos depois Lígia martelara seu dedo em cheio enquanto tentava juntar uma das prateleiras.

-Boa tarde, gente! – disse Adriane enquanto entrava no apartamento depois de bater algumas vezes sem nenhuma resposta.

-Nossa, oi Dri! – cumprimentou Ana.

-O que você tem nas sacolas, safadinha? – perguntou Diego.

-Comida. Não dá pra trabalhar sem comida, dá?

-Não dá! – todos concordaram.

Depois de comerem furiosamente os sanduíches que Adriane trouxera, eles voltaram a trabalhar na parede e a prateleira finalmente ficou pronta, apenas esperando a parede secar para que pudesse ser posta em seu lugar de destino.

-Olha gente... foi realmente um achado esse apartamento aqui na Luís Coelho a esse preço de aluguel. – declarou Lígia.

-Pois é, a tristeza é a falta do elevador, acho. – disse Diego.

-É bom pras pernas, Di. – disse Ana rindo.

-Claro. – respondeu o amigo passando a língua entre os dentes com uma expressão de nojo acompanhando o movimento.

-Seria ótimo se tivéssemos mais uma pessoa pra dividir o aluguel, aquele quarto ali – disse Ana apontando para um quarto em frente – ainda não decidimos bem o que fazer com ele.

-Nós estamos entre um altar pra Christina ou um escritório. – Declarou Diego.

-Nós estamos entre um escritório e uma sala de jogos. – disse Ana.

-Meio altar pra Christina, meio altar pra Katy. – Diego tentou mais uma vez.

-Escritório ou sala de jogos.

-Ai, demônio. Sem graça.

-Ai, Diego... um altar pra Christina seria meio inviável porque... – Lígia começou mas foi interrompida por um grito da mesma Christina a quem se referia vindo do celular de Diego.

-SALVO PELO CHRISTO! – exclamou Diego ao olhar na tela quem era, ele sorriu e disse: Oi Edi!

-Oi Di! Di, eu quero sair de casa. – declarou a amiga do outro lado da linha.

-Sair de casa?

-Sim. – disse ela.

-Mas como? Por que? Do nada?

-Não é do nada, preto. Eu sempre quis, e acho que quero agora. Você e a Ana me inspiraram.

-Legal, Edi! Já tem algum lugar em vista?

-Não, você tem algum pra me indicar?

-Se eu tenho algum pra te indicar? – disse ele olhando para Ana que sorriu em retribuição com um aceno afirmativo da cabeça.

-Bem, na verdade nós temos um quarto sobrando e dividir o aluguel seria legal e...

De repente a porta de entrada se abriu com uma Edielle segurando o celular com a cabeça e as malas com as mãos. Ela abrira a porta como um chute.

-Ótimo. Onde fica? – disse ela entrando na casa.

-MAS QUE PORRA É ESSA?! – exclamou Ana indignada.

-Vou morar com vocês, Ana! Não é legal? – ela ia dizendo enquanto entrava no meio dos dois e os abraçava. – Ai, vai ser tão legal! Mas... Eu não gostei dessa parede vermelha. Melhor rosa.

-ROSA É O CACETE! – berraram Diego e Ana juntos.

-Ai, tá bom! Fica vermelha então. Mas a parede do meu quarto vai ser rosa.

Edielle se dirigiu ao quarto enquanto os outros estavam na sala se perguntando o que acabara de acontecer.

-Diego, você só tem amigos loucos. – declarou Ingrid finalmente.

-Insanos, Ingrid. Todos somos uns loucos por aqui.

-Onde eu fui amarrar meu burro? – resmungou Ana.

O resto do dia passou mais rápido do que eles esperavam, muito trabalho arrumando os móveis e subindo as coisas de Edi e tentando colocá-las de forma organizada em seu quarto. No final das contas, a menina acabou rendendo umas boas risadas a todos. Mas aquilo só estava começando. Alguém bateu a porta. Diego foi até lá e abriu, o zelador do prédio viera perguntar se tudo estava bem.

-Sim, senhor Mauricio, tudo está nos conformes. – disse Diego sorrindo.

-Que bom, pois um casal acabou de deixar o apartamento dois andares abaixo, está para alugar. Demorei um tempo pra alugar esse aqui.

-E quanto está, Sr Mauro? Talvez eu consiga alguém...

-O mesmo preço desse aqui. – disse ele.

-Ei! – disse Adriane. – Ingrid, você não acha que é o momento de sair da sua casa?

-Você acha? – perguntou a moça um pouco assustada.

-Acho que podemos pagar. – disse Adriane.

-Acho que podemos. – disse Ingrid.

-O senhor já tem um contrato, senhor Mauro. – disse Adriane sorrindo.

-Puxa! Vou começar a vir aqui sempre que um apartamento ficar vago. Qual o seu nome, japonesa? – perguntou o velho.

-Adriane, e minha colega de quarto se chama Ingrid. Amanhã procuraremos o senhor.

-Está bem. Boa noite, seu Diego.

-Boa noite, Mauricio. – Diego fechou a porta e olhou para as amigas assustado – FODEU. Vocês aqui? Próximo passo: Lígia e Aninha morarem juntas.

-Bem, na verdade... – começou Aninha.

-Sério? – perguntou Ana.

-Aqui pertinho, também! – disse Lígia animada.

-Isso merece uma pizza! – exclamou Diego.

Eles pediram a pizza e passaram a noite conversando e comendo, as duas coisas que melhor faziam, e dormiram todos ali. Em colchões espalhados pela sala. Eles haviam se divertido muito até ali, mas tudo estava só começando.

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Pois de médico e louco, todo mundo tem um pouco!