quinta-feira, 25 de março de 2010

Um sonho Utópico

Um Sonho Utópico
Por Insônio

Hoje acordei e fiz como todos os últimos vinte dias do meu mês, levantei, coloquei o que precisava na mochila, enfim, uma rotina, e saí pro trabalho. Muito feliz, e muito contente. Mas, o dia ia ser bem diferente de todos os outros.
Hoje eu vi o mundo, vi o mundo e a situação na qual todos nós vivemos, a mais bela de todas as mentiras. Trabalhamos por nossas necessidades básicas (saúde, alimentação, estudo, lazer, etc.) e trabalhamos para pagá-las, pagar necessidades básicas, a quais temos direito. Não vejo um mundo ou uma sociedade muito mais desenvolvida desde que Marx escreveu seu Manifesto Comunista, onde se encontra uma das frases mais célebres que já li para descrever o mundo capitalista em que vivemos: "Tudo o que é sólido, desmancha no ar", e garanto, tudo desmancha mesmo. Inclusive a moral, a falsa moral e a falsa ética que nos envolve.
Eu nasci como sou, e aqui onde escrevo, vejo mais pessoas que nasceram assim como eu, e hoje temos o direito de dizer a todos que somos assim e ponto, não temos? NÃO!
Não, porque vivemos num mundo onde a boa-camaradagem é um disfarce para a hipocrisia, para o total comando da massa. Assim como nasci assim, nasci contestador, nasci já indo contra a maré. E são nessas características que me apoio - talvez, até levianamente - para defender minha tese de que nem tudo é o que parece. O mundo continua disfarçado, mascarado. Mas, ele só está assim porque deixamos que esteja.
Se não todos, pelo menos a maior parte dos brasileiros trabalham para pagar um aluguel, ou a conta do mercado, a conta da farmácia, e os mais descontrolados, a conta do cartão de crédito. Trabalham no que veem pela frente, seja lá o que for, gostando ou não gostando. Não, o trabalho não valoriza o homem. Getúlio Vargas já morreu, os trabalhadores já têm os falsos direitos que tanto sonhavam, e nós todos ainda estamos na mesma. O homem que trabalha para pagar sua moradia, abdica ao direito de viver em condições aceitáveis. O homem que trabalha para pagar seu estudos, abdica de seu direito de uma educação de qualidade. Eu pergunto: seria isso Justiça? Essa palavrinha que vem perseguindo filósofos e intelectuais desde os tempos mais remotos, desde Platão quando se criava uma ideia de política na Pólis, seria esse o significado de Justiça? O trabalho alienado, quase que - se não já - obrigado?
Pergunto: se temos tantos direitos assim, não deveriamos lutar por eles? Fazê-los reais e palpáveis? Eu, hoje, aprendi o que vale mais a pena, o dinheiro que se ganha para viver, ou simplesmente viver. Eu opto pelo simplesmente viver. Sei da utopia que envolve meu texto, mas sei, também, que jamais estarei conformado com esse sistema que devora à todos sem distinção, jamais estarei conformado com o dom do "não-fazer" do ser humano, do "não-lutar", do "acho que não vale a pena gastar meu tempo e meu dinheiro com isso", do sonhar e deixar o sonho apenas ser, porque não tem dinheiro para trazê-lo ao nosso plano.
Opto por permanecer de olhos abertos, acordado todas as noites e dias da minha vida à frente de uma humanidade desmotivada e confortável no lixão em que vive, opto por sair da doxa e seguir a verdade. Opto por não deixar de ser pensador e angustiado e continuar, sempre, a sofrer perante os problemas maiores da humanidade. Opto por ser eu mesmo e viver como eu acredito que seja bom para mim. Sendo isso loucura ou uma completa utopia, eis a minha escolha.
E escolho ser assim, enfim, e não de outro jeito, utópico, revoltado, sonhador, idealista, homem, mas acima de todas essas coisas um amigo da sabedoria, um Filósofo.

Um sonho Utópico,
por Insônio

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Pois de médico e louco, todo mundo tem um pouco!